segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O que levou à proibição da Maconha?

Se voltarmos um pouco no tempo, veremos que os motivos para a proibição da maconha são puramente políticos, e não por causa da saúde pública.
E, mesmo que a justificativa seja para preservar a saúde da humanidade, a proibição é o pior caminho, pois está mais que comprovado que quando se reprime uma “droga”, o consumo aumenta: aconteceu com as bebidas alcoólicas, durante a lei seca na década de 1920 nos EUA, aconteceu depois que a maconha foi proibida, aconteceu com a proibição da cocaína.
Além disso, a partir do momento que um produto é proibido, o Estado abre mão do controle dos produtos, perdendo o rendimento gerado pelos impostos embutidos no preço deles e eles caem no submundo do tráfico, contribuindo para violência, contrabando de armas e formação de quadrilhas e exércitos do tráfico.
Se a maconha for descriminalizada os lucros exorbitantes do tráfico vão cair e será mais fácil combatê-lo.





A verdadeira causa da proibição é o preconceito, já que a maconha sempre foi citada nos EUA como droga de negros e latinos, que sempre foram marginalizados pela sociedade branca capitalista norte-americana de algumas décadas atrás que têm suas leis seguidas até hoje.

Eles associavam a maconha à criminalidade e à violência que, por sua vez, eram associadas aos negros e latinos, imigrantes, já que eles tinham uma idéia de eugenia norte-americana.

Aí veio um tal de Harry Hanslinger (diretor do Federal Bureau of Narcotics) que além de super preconceituoso estava puto da vida, porque ele que tinha comandado a luta contra o álcool na lei seca (1920 – 1933) e sua campanha de milhões de dólares não deu certo, o álcool foi liberado e ele se fudeu. Decidiu então atacar o cânhamo com argumentos sugerindo que o seu uso estava diretamente ligado ao crime, a comportamentos violentos e provocava loucura. Chamou a Erva de “assassina”, “cascavel” e passível de causar irritabilidade.
Em 1935, o país foi inundado com propaganda contra o uso da erva. Em 1937, o Marihuana Tax Act restringia o uso da maconha, o que restringiu e muito o cultivo do cânhamo. Com isso, livrava a indústria do papel da ameaça de um papel produzido a partir da Canabis sativa, que tem a fibra muito mais resistente e é bem mais fácil, rápido e barato de se produzir do que a celulose (um hectare de cânhamo produz o mesmo que quatro hectares de eucaliptos) .
Aliás, o cânhamo sempre ameaçou algumas indústrias: nos tempos da revolução industrial a produção da fibra do cânhamo foi desacelerada para se ter um aumento da produção de algodão. Antigamente era usada para fazer lençóis e velas para navios (sim, as velas de Pedro Álvares Cabral e Cristóvão Colombo e toda sua esquadra eram feitas de MACONHA), pode também substituir o petróleo na fabricação de vernizes, lubrificantes, combustíveis e tintas, o que prejudicava os planos de Harry Hanslinger que era cunhado do dono de uma petrolífera, que estava investindo em combustíveis, plásticos e fibras sintéticas obtidas do petróleo e os produtos da maconha estavam tomando o lugar dos novos produtos desenvolvidos a partir do petróleo.
Ele conseguiu. Em 1937, mesmo com estudos provando que seu uso não causava danos ao organismo, o plantio e o uso da maconha nos Estados Unidos foram proibidos e, logo depois, foi na Europa.
No Brasil, foi proibida na década de 1920 por causa da influência das campanhas de Haslinger e a lei quase não sofreu mudanças até hoje.


Os passos para uma possível legalização, no Brasil e em outros países estão avançando lentamente, assim como vários outros movimentos sociais que tiveram que lutar muito para mostrar sua autenticidade e importância perante o mundo, como as mulheres, os negros, os homossexuais e os estudantes na época da ditadura militar. Mas países como a Holanda, Bélgica, Canadá, em que o consumo para fins recreativos é liberado, estão fazendo com que os países mais retrógrados nesse assunto, possam mudar suas leis, nem que seja para liberar para fins medicinais.


O Brasil perde muito com a proibição do cultivo e consumo da maconha, tanto pelo fator econômico, como pelo social. Como já dito, a maconha geraria uma grande fonte de renda e impostos através do cultivo da fibra de cânhamo. O solo do sertão nordestino é ideal para cultivo da maconha e é lá que existem milhares de famílias passando fome porque nenhuma planta nasce ou cresce lá, a não ser as que foram feitas para esse tipo de solo, como o cacto ou a cannabis. Mas é óbvio que a maconha e seus derivados são muito mais úteis e aproveitadas que o cacto.

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