"Um rapaz de 15 anos de idade admitido no “Youth Division – Intensive Outpatient Program” da Universidade de Ciências Médicas da Carolina do Sul, para tratamento de abuso de maconha e desordens comportamentais de caráter agressivo. Informações paralelas revelaram que ele vinha usando mais maconha do que ele próprio reportara. O paciente admite o uso ocasional de álcool. Foi atendido pelo serviço de emergência com sintomas de ansiedade, palpitações, visão turva e dor de cabeça. O exame laboratorial foi positivo para canabinóides. Uma reação de ansiedade secundária à ingestão da droga foi diagnosticada e ele foi aconselhado a interromper o uso da maconha. O paciente apresentou episódio similar um mês mais tarde, o que ocasionou nova visita à emergência. O teste foi mais uma vez positivo para canabinóides. Não havia outros achados clínicos significativos. Em uma nova visita à emergência, aproximadamente cinco meses mais tarde, o paciente apresentava agitação, sentimentos de despersonalização e paranóia, acrescidos aos sintomas anteriores. Esse jovem continuou apresentando subseqüentes episódios com os sintomas acima descritos, preenchendo os critérios diagnósticos de Distúrbio do Pânico com Agorafobia.
Este relato foi escrito em um artigo chamado “Uma importante correlação entre o uso de maconha e os ataques de pânico”. O artigo conclui que ataques de pânico, paranóia e despersonalização estão entre os efeitos adversos do uso da maconha. Relatos de sintomas de ansiedade aguda e ataques de pânico seguidos do uso da maconha foram bem documentados na literatura científica. Enquanto não há estudos suficientes sobre a eventual continuação dos ataques de pânico em adolescentes que abandonaram o uso da maconha, a persistência da despersonalização foi verificada em adultos mesmo depois de suspenso o uso.
No caso aqui reportado, os sintomas de pânico persistiram durante o período de abstinência do uso, e portanto, confirma-se o diagnóstico de pânico com agorafobia. A maconha pode ter mascarado uma subjacente vulnerabilidade ao pânico. Talvez haja um subgrupo de pacientes mais sensíveis aos usos adversos da Cannabis. Isso não foi reportado na literatura sobre os adolescentes, e pode ter implicações para os programas educacionais preventivos.
O artigo evidencia a necessidade de pesquisas quantitativas e qualitativas nessa área. A dependência do uso de drogas ilícitas, assim como as lícitas, é um problema de saúde pública, e essa questão não se reduz ao tratamento médico, porque envolve outros aspectos tais como os valores sociais, os padrões culturais de comportamento, e as questões legais do uso, do tráfico e comercialização de drogas."
O texto acima foi retirado da resenha feita por Madalena de Castro Santos publicada em uma edição da revista latino-americana de psicopatologia.
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